Aposentadoria não é prêmio

 Aposentadoria não é prêmio

*Claudia Detânico Calloni

Dia 24 de janeiro é comemorado como Dia Nacional dos Aposentados, instituído pela Lei nº 6.926, de 30 de julho de 1981. O Dia Nacional do Aposentado faz alusão à chamada Lei Eloy Chaves (Decreto nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923), considerada a origem da Previdência Social.

A aposentadoria não é um prêmio. É uma necessidade resultante de anos de trabalho e dedicação e é, acima de tudo, um direito social que foi conquistado pela luta permanente dos trabalhadores. Deve ser considerada como um processo que faz parte da vida do mundo do trabalho, pois deve ser planejada ao longo da vida profissional, sem perder de vista que está ligada ao contexto geral da sociedade. Alguns estudos apontam que o momento certo de começar a planejar a aposentadoria é aos 45 anos.

O Censo de 2022 confirma tendência de envelhecimento da população, com a parcela de pessoas de 65 anos ou mais crescendo 57,4% desde 2010 – Fonte SETI-AEN/PR, sendo as regiões Sudeste e Sul apresentam estruturas com as maiores proporções de pessoas com 65 anos e mais (12,2% e 12,1%, respectivamente). O país tem 30,7 milhões de pessoas com alguma renda de aposentadoria ou pensão, 19% a mais do que no censo anterior, como mostra os dados do IBGE. Nesse contexto de um país que está envelhecendo, como os aposentados se sentem?

A aposentadoria é uma fase da vida em que precisamos ter equilíbrio financeiro e emocional, apontam algumas pesquisas. Os aposentados vivem a dura realidade de ver seus benefícios previdenciários sendo deteriorados, enquanto o custo de vida aumenta.

Para um grande número de aposentados existe uma sensação de marginalização e esquecimento que gera sentimentos de frustração, impotência e insegurança. Depois de uma vida inteira de contribuição, nossos benefícios são progressivamente são pouco a pouco retirados no momento em mais precisamos, pois entre outras coisas, os problemas de saúde se acentuam com a idade e os gastos aumentam.

Numa sociedade produtivista, e em uma cidade, que se intitula “da fé e do trabalho” quem está sem vínculo laboral, inclusive depois de aposentado encontra muitas incertezas e inquietações. Mais do que comemorar, esse dia nos remete a refletir, como a sociedade nos trata, nos percebe, que futuro teremos? Que futuro queremos? Como está nosso equilíbrio financeiro e emocional?

Cabe a nós, aposentados, ao rememoramos nossa trajetória profissional e pessoal, servir de exemplo a todos que nos sucedem e estar alerta para as mudanças que nos afetam de forma prejudicial e conscientes de que só seremos percebidos e valorizados através de nossa participação ativa e coletiva, na pressão social e no voto consciente.

*Claudia é diretora dos aposentados do Sindiserv

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