ARTIGO: A defesa do patrimônio público e da água em Caxias do Sul

Vivemos um momento crucial em Caxias do Sul: o futuro do abastecimento de água e do saneamento está em debate. O Samae, patrimônio público da nossa cidade, corre o risco de ser privatizado diante de um estudo conduzido pelo governo do Estado. Essa possibilidade preocupa porque o Samae não é apenas uma empresa – ele é fruto do esforço coletivo de gerações de moradores que construíram, com trabalho e compromisso, um sistema sólido de saneamento e de captação de água.
Desde os anos 2000, quando foi elaborado o plano de esgotamento sanitário, o Samae demonstra eficiência e relevância. Sua atuação vai além do fornecimento de água potável: contribui para a preservação ambiental, para a saúde pública e para a qualidade de vida da população. Colocar esse patrimônio nas mãos da iniciativa privada pode significar repetir erros já vistos na privatização da energia elétrica, quando o serviço encareceu e falhou justamente nos momentos de maior necessidade, como nas crises climáticas recentes.
Outro ponto que merece atenção é a preservação das bacias de captação da região, como a do Samuara. Mesmo quando não estão fornecendo água para o consumo imediato, elas não podem ser negligenciadas. Sem preservação, o futuro de nossos filhos e netos estará comprometido, pois não há vida sem água. Esse é um alerta que deve ecoar além das fronteiras de Caxias: o cuidado com os recursos hídricos é um dever coletivo e intergeracional.
Por fim, é fundamental reconhecer o papel dos trabalhadores nesse processo. Eles exigem planejamento, ciência e participação na tomada de decisões. Defender o Samae e a preservação das bacias não é “mimimi” de ambientalistas, mas uma questão de sobrevivência e de justiça social. A água é um bem público, essencial e insubstituível. Cabe a nós, enquanto sociedade, garantir que continue assim.
*Silvana Piroli, Presidente do Sindiserv