“Ano letivo pode ser recuperado, vidas perdidas não”, sustenta presidente do Sindiserv, contrária ao retorno de aulas presenciais

 “Ano letivo pode ser recuperado, vidas perdidas não”, sustenta presidente do Sindiserv, contrária ao retorno de aulas presenciais

Atualizado em 26/05/2023

A proposta do Governo do Estado do Rio Grande do Sul para o retorno escolar no final de agosto é considerado um risco iminente para a sociedade, pois não há um planejamento efetivo para evitar a contaminação de crianças e jovens do Coronavírus (Covid-19).

No dia 14 de julho o município iniciou o debate com a implementação do Centro de Operação de Emergência em Saúde para a Educação (COE Municipal), liderado pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) e formado por entidades representativas dos trabalhadores e empresariais objetivando a articulação da ação governamental para acompanhamento e definição de estratégias de enfrentamento da pandemia da Covid-19.

O Sindiserv está representado no COE pela presidente, Silvana Piroli. “O município nem começou a desenhar as possibilidades de retorno presencial. Ainda não existem ações e protocolos que garantam a segurança dos estudantes. Neste momento precisamos ouvir o que dizem os especialistas. O ano letivo pode ser recuperado, mas vidas perdidas não”, destaca. Silvana reforça ainda toda as crianças têm contato com adultos e a disseminação do vírus não está controlada. “Estabilizamos no alto índice de contágio e banalizamos a morte”, critica.

Para o representante do Conselho Municipal de Educação no COE, Alvoni dos Passos em meio a um período de grande sensibilidade epidêmica, a sociedade necessita de segurança, coerência e em especial medidas que contribuam para o bem-estar público. “A própria constituição e ação de nosso COE Municipal é colocada a mercê das mais diversas pressões que por vezes beiram a certa insanidade, afinal os procedimentos técnicos não podem ser atropelados e nem necessitam de medidas urgentes na análise de planos de contingência, afinal estamos em plena pandemia e um mar tenebroso cercado de incertezas. Muito antes de qualquer flexibilização das atividades escolares há necessidade de segurança”, reforça.

Neste momento, a entidade expressa inquietude e indignação diante de tamanhas expressões de incoerência, apela-se neste momento pela serenidade e segurança das ações, que sejam observadas:

– A construção e respeito das devidas medidas a quem de direito com ampla transparência e publicidade para a sociedade;

– Respeito aos mais diversos níveis de ensino com suas peculiaridades, considerando estudos recentes e seu aconselhamento diante das possibilidades ou não de flexibilização do retorno;

– O respeito para com as instituições e seus papéis, cada ação a seu tempo;

– Estabelecimento de condições mínimas para o retorno diante de um quadro onde haja redução drástica do período epidêmico;

– Respeito as instâncias políticas e suas referidas funções;

– Definição e aplicação de protocolos claros na medida da necessidade em acordo e mediante fiscalização constante;

– Respeito aos órgãos representativos da sociedade, bem como suas funções e prazos;

– Respeito e colaboração no cumprimento das recomendações internacionais de segurança diante do quadro de epidemia;

Por fim cabe rogar pela sensibilidade política e jurídica, diante da profunda exposição e insegurança sanitária que possa ocorrer com medidas intempestivas para cumprir desejos pessoais ou de determinados segmentos sem rígidos fundamentos técnico-científicos.

O que dizem as pesquisas e estudos

– 70% dos pais e mães que têm filhos entre o 6º e o 9º ano na rede pública acham que seria melhor que ficassem na mesma série em 2021 (Datafolha)

– Estudo da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) revela outro problema grave: cerca de 9,3 milhões de pessoas também ficariam sujeitas à contaminação pelo novo coronavírus porque fazem parte de grupos de risco – idosos e adultos com comorbidades – que convivem com as crianças, jovens e profissionais da educação.

– De acordo com o estudo, ainda que escolas, colégios e universidades adotem medidas de segurança e que elas sejam cumpridas à risca, o risco de contágio é iminente.

– Além da possibilidade de aglomerações nos locais, o estudo aponta que os transportes públicos e a falta de controle sobre o comportamento dos jovens representam situações potenciais de contaminação. E se forem contaminados, podem levar para casa o vírus e infectar os parentes, em especial os de grupos de risco, mais vulneráveis à doença.

– Para autoridades internacionais à volta às aulas presenciais só deveria ocorrer depois que todos fizessem testes para checar se alunos e trabalhadores da educação contraíram Covid-19, e depois também que fosse feito um rastreamento de contatos para isolar e tratar quem estiver infectado – quanto maior o rastreamento, menor a necessidade de testagem.

 

 

 

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